segunda-feira, 25 de junho de 2012

Litha

Quando o tambor e a voz se unem num beijo devorador e os meus olhos pousam o fogo, a ancestralidade em mim desperta.
Nada existe, a fogueira pertence-me e é intemporal. Faz parte de todas as fui.
O corpo desperta para os movimentos da terra... as curvas das montanhas na minha pélvis, os rios e as cascatas no meu sangue, as flores e as borboletas no meu cabelo.
Quando danço na fogueira, sou feiticeira. Não há ninguém. Só o fogo e a memória das minhas células. A pele. Os meus pés descalços no chão. O riso que me desenha o rosto.
Arregaço as saias e salto com um grito. O calor nas minhas coxas. A purificação.
"Fogo sagrado, purifica-me. Cantar para viver. Fluir para viver. Água, terra, fogo e água."
Lá no cimo, o crescente brilhante da LUA espreita-me com um sorriso. Conhece como ninguém a minha alma e os meus anseios.

Quando danço a espiral no fogo, os meus pés conhecem e traçam o caminho antigo. Encontro mãos e olhares, e rostos e sorrisos. Devolvo com amor. E continuo seguindo o trilho que conheço sem conhecer.
Sou poder. Sou alegria. Sou sexualidade, fogo, vida. Sou a própria fogueira.
Solto o corpo com amor.
E desperto.
Agradeço o fogo e as estrelas.
Feiticeira sou.
Assim é.
24.06.2012

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