terça-feira, 9 de novembro de 2010

Estórias

Sinto-o desde há muito, mas nos últimos tempos fui-me dando conta dos reais motivos pelos quais percorri todo este caminho com o sonho de ser sacerdotisa da alma.

Aquilo que me motiva não é o ajudar... pelo menos, não é somente. É evidente que quando alguém surge no meu caminho a pedir orientação, me aquece o coração contribuir para o reconhecimento da sua luz.

No entanto, e muito antes de chegar aí, aquilo que me inspira é o Amor. A admiração. A constatação da coragem única e especial de cada um. Dos percursos, por vezes dificílimos, dolorosos, extraordinariamente sós que cada pessoa é desafiada a caminhar.

E, cada qual na sua forma, à sua maneira, com mais ou menos medo, com as defesas que conseguiram criar, lá seguem, dia após dia, em busca de maior qualidade. Não é o querer ajudar, o mudar, o fazer por... é a aceitação clara da luz imensa, constante, real que existe no coração das pessoas. Do quanto já fazem, dos guerreiros e guerreiras que são.

E a cada história, agradeço os meus percursos, as bênçãos, a generosidade do universo. Agradeço os meus desafios, por vezes tão efémeros comparado com os dos outros.

E sinto muita, muita vontade de partilhar com estes seres o caminho no qual eles podem recuperar a visão da sua própria magnificência.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Vivências...

Hoje tomei consciência...
Que o medo me deixa paralisada.
Que a raiva me dá poder - ou a ilusão dele.
Que a tristeza e a alegria, de formas muito distintas, me limpam e me transmutam.
Que a pessoa a quem é mais difícil perdoar é a mim mesma.
Que a sedução pura me trás confiança.
E que, quando deixo a minha alma despertar, sinto-me muito perto das estrelas.

Descoberta bónus:  a dança é sempre uma chave para me sentir livre.

Bem hajam, seres de luz com quem partilhei isto, pela coragem da entrega.

Integrar

Mais uma vez... outra lição do mesmo tema, que acredito ser (sim, meu também) o meu Tema de vida.

Inevitavelmente, chega-se ao tempo em que a Vida já não se senta confortavelmente, aguardando que - ao nosso ritmo - recuperemos dos trambolhões, arrumemos a nossa casa interna, resolvamos cada desafio, um a um. Já foi o tempo e, reconheço, tive muitas bênçãos enquanto desfrutei dele.

Vivo agora na dimensão em que tudo se passa ao mesmo tempo. É-me pedido que seja mestre e aluno, mãe e filha, forte e frágil, disponível e disciplinada. E nem sempre o meu interior conspira para esse encontro de opostos.

Nem sempre me sinto tranquila, quando faço uma escolha que - aparentemente - deixa de fora coisas muito importantes. Nem sempre estou certa de que aqueles passos me levem mais perto da minha sacralidade. Mas lentamente, vejo-me a dá-los, um a um, cada um mais forte que o outro. Alguns a medo, outros mais ousados. A mão no coração, acreditando que, a qualquer momento, poderei regressar, se assim me for pedido. Mas sentindo que o meu caminho me fortalecerá e, por isso, ajudarei mais dessa forma.

Sim, vejo os resultados. Como a minha escolha por MIM me torna mais forte, mais disponível, mais luminosa, como tenho tão mais para dar e me permito, também receber.

Integrar. Aquilo que não parece integrável. Aquilo que me corta pelo meio. Aquilo que me faz sentir menos do que realmente sou. Porque é nessa junção que reside a minha verdadeira força. Não sou um conjunto de coisas separadas. Sou todas elas. E nenhuma.
Sou/estou onde a Vida me quer.

sábado, 23 de outubro de 2010

Aprender

Claro que aprendo todos os dias com a Vida, com os espelhos que são "os outros" na minha vida, com as minhas filhas, o meu companheiro. Com o meu trabalho. Com as palavras que dirijo aos outros, enquanto escuto a minha alma perguntar-me "estás a ouvir isto com atenção"?.

E, no entanto, depois de tantos anos no lugar de dar, eis que volto a ter oportunidade de estar no lugar de receber...

Ser aluna. Estar "no meio de", e não "à frente de".

E estou ansiosa.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

"Life is always taking us in the direction of discovering and embracing all parts of ourselves. The more we've been identified with the "light" the deeper we will need to go into our shadow."
Shakti Gawain

Não é a primeira vez que acontece.
Sempre que faço um grande compromisso comigo mesma, algo sucede que me abana, abala, magoa.
A primeira sensação é de esmagamento. De paralisia. De dor. É aí que tenho o hábito de ficar, até que a vida recomponha as peças. E eu as possa montar novamente.

Não quero isso. Alguém me sugeriu, um dia, que a vida me colocava à frente oportunidades para eu perceber se estou mesmo disposta a assumir aquilo que digo querer. Se ainda quero a mesma coisa na adversidade. Se ainda tenho fé quando "o que não é amor" se manifesta.

A resposta é sim. Hoje, que sinto a força que me costuma abraçar como uma névoa passageira e fugidia... ainda digo sim. Com medo. Sem certeza alguma. Sabendo que é dia de me abraçar, de me resguardar do mundo. De me permitir ser frágil. Mas com fé. Dando-me o meu próprio tempo e o meu próprio ritmo.

Mantendo a Sacerdotisa... também para mim. Pelo menos, o pouco que resta dela, hoje.
Se o meu caminho se veste de conhecimento e fé... temo que conhecimento seja algo bem mais simples...

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Vocações

Existem poucas coisas no meu universo que me preencham a alma com a mesma força que estar a trabalhar com um grupo. Quem eu sou, quem me permito ser, saber, dar, receber, é uma prova de que podemos ser tanto e tanta coisa quando estamos disponíveis e abrimos o coração.

E a verdade é que eu fico disponível. Entrego-me à energia do grupo como se todo ele fizesse parte de mim. Porque faz. E ao mesmo tempo permito-me, também, cuidar, nutrir. Como se parte de mim - maior e mais sábia do que aquela que me costuma acompanhar - despertasse a abraçasse a dinâmica, vibrando com a mesma energia, mas vibrando atentamente, tendo insights, sentindo as feridas profundas de cada ser presente. E dando, doando aquilo que tem dentro de si.

E, num equilíbrio perfeito, recebendo, sem pedir, aquilo que lhe é necessário para o seu próprio processo. Levo para casa um baú precioso, repleto de pistas para me trabalhar.

Grata. Grata pelas bênçãos. Pelo reconhecimento das bênçãos. Pela sacerdotisa que aceito existir em mim. Pela humanidade que possuo. Nessa gratidão me embalo até adormecer.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A jornada

Sacerdotisa da alma...

Prepotência? Não o sei dizer. Acredito que não.
Não sou melhor ou pior do que qualquer outra pessoa. Caminho, por entre as brumas das minhas dúvidas e os raios luminosos das minhas alegrias. Abarco em mim o divino e o mundano, buscando sempre a integração dos opostos e nem sempre chegando às melhores conclusões.

E, no entanto, há que viver o mito. Qual o arquétipo que vestimos, com as vestes da nossa alma e os trajes dos nossos sonhos?
Demorei tempo a descobrir o meu... a vida, os mestres e os amigos, ajudas indispensáveis na conquista do meu caminho.

E assumi quem sou, quem quero ser, de que forma quero deixar a minha marca. Ser Sacerdotisa da alma, ajudar a facilitar processos de transformação. Ter a humildade de permitir-me ser transformada... e saber pedir ajuda para isso.

Assumir o compromisso. Ser fiel à minha alma. Viver de acordo com a minha crença. E permitir-me crescer, abraçando os meus medos e assumindo a minha luz.

Assim seja.